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Glossário Radioncologia

A

Acelerador linear: Máquina (também designada de LINAC) que se caracteriza pela emissão de electrões e produção de raios-X de megavoltagem. Habitualmente utilizada no tratamento do cancro, no entanto, também em situações de tumores benignos.

Acessórios de posicionamento e/ou imobilização: Objetos utilizados na Radioterapia para o posicionamento do doente. Estes acessórios são definidos durante a realização da TC de planeamento, de forma a garantir a imobilização e o conforto do doente, assim como a reprodutibilidade diária do posicionamento nos tratamentos.

Adenocarcinoma: Tumor maligno com origem nos tecidos glandulares, formados por células com capacidade de secretar substâncias para o organismo. Este tipo de tumor pode desenvolver-se em diversos órgãos do corpo, incluindo próstata, estômago, intestino, pulmões, mamas, útero ou no pâncreas, por exemplo.

Adenoma: Tumor benigno, de natureza glandular. É um tumor que tem origem em células semelhantes às glândulas do tecido epitelial (camada fina de tecido que reveste órgãos, glândulas e outras estruturas dentro do corpo).

ADN: Sigla para Ácido Desoxirribonucleico, que se traduz num composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos. Os segmentos de ADN que contêm a informação genética são denominados genes, o resto da sequência tem importância estrutural ou está envolvido na regulação do uso da informação genética.

Algália: Tubo ou sistema de tubos que se utiliza para esvaziar e recolher a urina da bexiga, também designado por sonda vesical. Estes são utilizados nos casos em que não se consegue urinar, porque a uretra se encontra obstruída ou porque existe uma alteração nos nervos que controlam o esvaziamento da bexiga.

Alopécia: Redução parcial ou total de pelos ou cabelos, numa determinada área da pele. É uma condição que se encontra associada a várias causas, podendo ter uma evolução progressiva, resolução espontânea ou controlada com tratamento médico.

Anaplasia: Alteração no desenvolvimento de uma célula, levando frequentemente a que esta perca as suas características de forma ou função, podendo tornar-se numa célula indiferenciada. Por vezes, a célula pode ainda apresentar uma capacidade acrescida de multiplicação, como num tumor maligno.

Anemia: Diminuição do número de glóbulos vermelhos no sangue (eritrócitos) ou do conteúdo de hemoglobina no sangue para valores inferiores aos considerados normais.

Anestesia: Procedimento médico que visa bloquear temporariamente a capacidade do cérebro de reconhecer um estímulo doloroso. Outra definição é uma “ausência de consciência reversível”, seja uma ausência total de consciência (e.g., uma anestesia geral) ou uma ausência de consciência de uma parte do corpo como causam uma anestesia axial ou outro bloqueio de nervo. Este estado de ausência de dor e outras sensações é necessário para a realização de cirurgias ou procedimentos terapêuticos e diagnósticos, podendo ser alcançados de várias maneiras, conforme o tipo de cirurgia ou procedimento.

Angiogénese: Processo fisiológico que consiste no desenvolvimento de novos vasos a partir de vasos sanguíneos pré-existentes. Processo pelo qual um tumor forma novos vasos sanguíneos.

Anticorpo: Proteína (imunoglobulina) produzida pelas células do sistema imunitário, em resposta a um estímulo antigénico. Esta proteína tem a capacidade de se ligar especificamente a esse mesmo antigénio, com o objetivo da sua destruição.

Antigénio específico da próstata (PSA – do inglês, Prostate-Specific Antigen): Glicoproteína produzida de forma natural pela próstata que funciona como um marcador tumoral. Está presente no sémen, mas também nas células da própria glândula prostática e ainda, mas em menor quantidade, no sangue em circulação. No entanto, a sua produção encontra-se aumentada em algumas doenças como nos tumores e infecções da próstata, ou em infecções urinárias do homem; a análise do PSA é útil para ajudar o médico a detectar os tumores da próstata e a eficácia do tratamento utilizado, tornou-se por isso uma ferramenta valiosa para o diagnóstico precoce, tratamento e seguimento de pacientes com esta neoplasia.

Aplicador: Na Radioterapia existem vários tipos de aplicadores, como por exemplo, o aplicador de eletrões e o aplicador utilizado na Braquiterapia. Ambos têm como objetivo direcionar as fontes de radiação ao tumor.    

Apoptose: Morte celular programada, ou por outras palavras, “suicídio celular”. É um mecanismo útil que permite manter o equilíbrio interno dos organismos multicelulares.

Ardúria: Emissão dolorosa de urina. Caracteriza-se por ser um sintoma por vezes associado a doenças como a hiperplasia benigna da próstata ou carcinoma da próstata.

B

Balão endorectal: Dispositivo endo-rectal, com um balão de compressão, projetado para acomodar a próstata e proporcionar uma imobilização superior e reprodutível. O objetivo, no âmbito da Radioterapia, é aumentar a precisão e a eficácia durante o planeamento e tratamento de um carcinoma da próstata.

Biópsia: Procedimento destinado à colheita de um ou mais fragmentos de tecido. Os tecidos são posteriormente examinados ao microscópio para a identificação da sua natureza benigna ou maligna e outras características.

Blocos de chumbo: Moldes individuais de chumbo que permitem colimar (dar uma forma própria) ao feixe de radiação. São colocados na gantry do acelerador linear, atenuando a radiação nas zonas protegidas pelo chumbo. Habitualmente usados em tratamentos que utilizam electrões.

Bólus: Acessório utilizado para aumentar a dose na superfície de entrada de um campo ou para compensar uma falta de tecido. Este precisa de ter algumas características próprias, tais como: interagir com radiações ionizantes de forma similar aos tecidos e ser maleável a ponto de possibilitar a sua moldagem ao contorno do doente.

Braquiterapia: Também conhecida por Radioterapia interna, caracteriza-se pela colocação de uma fonte radioativa selada dentro de, ou junto à área de tratamento. A radiação é selada em agulhas, sementes, fios ou catéteres.

C

Campo de tratamento: Corresponde a uma geometria, a uma configuração de irradiação, definida pelo acelerador linear, cuja forma, tamanho e desenho vai depender das características do tumor que se pretende  irradiar, adaptando-se a estas mesmas condições.  

Cancro: Também conhecido como neoplasia maligna, é um grupo de doenças que envolvem o crescimento desordenado de células, com potencial para invadir e espalhar-se para outras partes do corpo, além do local original. O nome dado à maioria dos cancros provém do tumor inicial. Por exemplo, o cancro do pulmão tem início no pulmão e o cancro da mama tem início na mama. O linfoma é um cancro que tem início no sistema linfático e a leucemia tem início nas células brancas do sangue (leucócitos). Quando o cancro metastiza, o novo tumor tem o mesmo tipo de células anormais do tumor primário. Por exemplo, se o cancro da mama metastizar para os ossos, as células cancerígenas nos ossos serão células de cancro da mama; neste caso, estamos perante um cancro da mama metastizado, e não um tumor ósseo, devendo ser tratado como cancro da mama.

Carcinogénese: Também denominada de oncogénese, é o processo no qual as células normais se transformam em células cancerígenas, ou seja, é o processo de formação de um cancro. Este processo ocorre lentamente, podendo levar vários anos até que uma célula cancerígena prolifere, dando origem a um tumor visível. 

Carcinogénicos: Qualquer agente ou substância que possa provocar cancro, acelerar o seu desenvolvimento ou alterar a incidência numa população. Podem ser químicos (amianto, aflatoxina), físicos (raios UV, raios-X) ou biológicos (bactérias, vírus).

Carcinoma: Tumor maligno desenvolvido a partir de células epiteliais, ou seja, células que revestem os órgãos em contacto com o meio externo.

Carcinoma in-situTambém conhecido como carcinoma intraductal, sendo considerado não invasivo. Neste carcinoma, as células não se disseminam através dos ductos para o tecido mamário adjacente.

Carcinoma invasor: Esta nomenclatura é mais usual nos carcinomas da mama. Habitualmente os cancros da mama que se disseminam para o tecido mamário adjacente são denominados invasivos. No entanto, existem diferentes tipos de cancro da mama invasivo. 

Catéter: Tubo flexível usado para fornecer líquidos ou retirar fluidos do corpo.

Célula: Correspondem às minúsculas unidades de funcionamento do nosso corpo e cada uma delas desempenha um papel específico no nosso organismo. A um grupo de células organizadas designamos de tecidos, e a um grupo de tecidos organizados designamos de órgãos.

Cintilografia Óssea: Exame de imagem realizado pela Medicina Nuclear para, por exemplo, identificar pontos de inflamação causados por infecções, artrite, fractura, alterações na circulação sanguínea do osso, avaliação de próteses ósseas ou para investigar causas de dor nos ossos. Este exame é muitas vezes utilizado para diagnóstico de metastização óssea.

Cistite: Infecção urinária que ocorre na bexiga. Pode ser um efeito secundário do tratamento de Radioterapia.

Cisto ou quisto: Tumor benigno revestido por uma membrana de tecido epitelial. Pode conter fluidos, material semi-sólido ou pastoso. Tem um crescimento lento e normalmente não causa dor. Dependendo da causa e local, um cisto pode desaparecer (mesmo sem tratamento), pode nunca desaparecer ou pode ser removido através de cirurgia. Os cistos podem se formar dentro de qualquer órgão, mas são mais visíveis, e portanto mais diagnosticados, na pele.

Citologia: Exame que analisa ao microscópio as células recolhidas de um determinado tecido ou órgão do corpo.

Citostáticos: Medicamentos ou fármacos utilizados para parar a proliferação e o crescimento das células neoplásicas.

Clister: Procedimento que consiste na introdução de um tubo pelo ânus, em que é introduzida água ou alguma outra substância com o objetivo de lavar o intestino. O clister de limpeza pode ser feito quando se sofre de prisão de ventre, para estimular o funcionamento do intestino, ou quando existe indicação médica.

Classificação TNM: Neste sistema, para cada cancro é atribuído uma letra ou número que descreve/categoriza o tumor, gânglios linfáticos e metástases: T é representativo do tamanho do tumor primário e do envolvimento deste nos tecidos adjacentes; N representa o envolvimento de gânglios linfáticos regionais ; e M presença de metástases à distância.

Colimador multi-folhas (MLC – do inglês, Multi-Leaf Collimator): Parte integrante de um acelerador linear que permite uma precisa conformação dos campos de tratamento ao volume alvo. 

Colostomia: Exteriorização de uma porção do intestino grosso, através da parede abdominal, para desviar o trânsito intestinal.

Consentimento informado e esclarecido: Acto pelo qual o doente assume o direito legal de governo de si e do seu corpo (a sua autonomia), uma vez bem informado e completamente esclarecido, aceitando ou rejeitando as medidas ou os tratamentos propostos pelo médico. Pode ser escrito ou verbal.

Consulta de Decisão Terapêutica (CDT): Corresponde a uma consulta multidisciplinar, que integra várias especialidades (Oncologia Médica, Radio-oncologia, Cirurgia, Anatomia Patológica, etc), cujo objectivo principal é a definição de uma estratégia global de tratamento de um doente oncológico, permitindo otimizar os recursos existentes.

Consulta de seguimento: Conhecida também por consulta de follow-up, trata-se de uma consulta onde o médico avalia a situação clínica actual do doente, após um determinado tempo do fim do seu tratamento,  tendo como base os resultados de exames prescritos.

Contraste: Agentes com capacidade para alterar a absorção dos raios x, a refração dos ultra-sons ou a susceptibilidade magnética dos órgãos e tecidos, dado que possuem uma composição química diferente da anatomia humana. Assim torna-se possível a obtenção de informações funcionais e morfológicas e permite, por exemplo, a distinção entre estruturas anatómicas adjacentes (através da criação de um contraste artificial).

Crónico: Doença que persiste por períodos superiores a seis meses e que não é passível de ser tratada num curto espaço de tempo. 

D

Descamação: Queda ou eliminação das camadas superficiais da pele sob a forma de escamas mais ou menos espessas.

Desmoplasia: Crescimento de tecido conjuntivo ou fibroso geralmente associado a neoplasias malignas. Pode ocorrer à volta de uma neoplasia, causando fibrose densa em volta do tumor. 

Diferenciação celular: Processo no qual as células vivas se “especializam”, gerando uma diversidade celular capaz de realizar determinadas funções. Esta especialização bioquímica e morfológica acarreta alterações não só ao nível da função, mas também da composição e da estrutura das células. No entanto, as células podem perder a sua função, assumindo um estado de crescimento exagerado. Esse processo é denominado de diferenciação e é o que ocasiona o aparecimento de neoplasias.

Disfagia: Dificuldade em engolir. Pode ser causada por doenças neurológicas, inflamatórias e por tumores da cavidade oral, faringe, laringe e esófago. Os pacientes com disfagia precisam ser tratados para evitar a possibilidade de desidratação e desnutrição.

Displasia: Processo e as consequências de um defeito de organização tecidular. Capaz de provocar a ocorrência de anomalias relacionadas com o desenvolvimento de um órgão ou tecido. Quando atinge o seu nível mais grave pode ser denominado de carcinoma in-situ, que corresponde a uma lesão pré-maligna.

Disúria: Sensação de dor ou ardor ao urinar.

Doença residual: Corresponde ao número de células neoplásicas detectáveis durante ou após o tratamento de determinada doença. É um parâmetro usado na decisão da estratégia terapêutica.

Doença sistémica: Doença que afecta todo o organismo e não apenas um órgão.

Doença terminal: Fase terminal da evolução de uma doença crónica e incurável, incluindo em geral os últimos seis meses de vida.

Dose adicional (boost): Dose de radiação extra que por vezes pode ser aplicada ao local onde o tumor se encontra ou se encontrava.

Dose de tolerância: Medida a partir da qual a taxa de efeitos secundários graves é demasiado elevada para justificar a sua utilização.

Dosimetria:  Medição, cálculo e avaliação da dose de radiação ionizante absorvida pelo corpo humano. Na Radioterapia permite determinar a energia efetiva do feixe de radiação e a distribuição da dose ao longo do eixo do feixe e transversal a ele, a quantidade de radiação emitida pela máquina por unidade monitora, entre muitos outros parâmetros importantes para o tratamento. Todo este estudo é realizado em programas específicos e tendo sempre em conta as características individuais de cada indivíduo, uma vez que é feita uma TC individual. 

Dosimetrista: Profissional de saúde especializado em Radioterapia, que com base no seu conhecimento clínico, físico e técnico, determina o melhor plano de tratamento com radiação, para um doente com um tumor benigno ou maligno.

Dreno: Tubo cirúrgico utilizado para remover o pus, sangue ou outros fluidos de uma ferida.

E

Ecografia: Meio de diagnóstico, não invasivo ou minimamente invasivo,  que utiliza ultra-sons produzidos por uma sonda de alta frequência, o que permite obter, em tempo real, imagens dinâmicas do interior do corpo humano. Por não produzir radiação ionizante, como a radiografia e a tomografia computadorizada, é um método inócuo, barato e ideal para avaliar gestantes e mulheres em idade procriativa.

Edema: Acumulação anormal de fluido, pode provocar um inchaço causado pelo excesso de líquido nos tecidos do corpo.

Efeitos secundários: Efeitos não pretendidos (adversos ou benéficos) causados por uma terapêutica ou medicamento. Variam consoante o tipo de tratamento e surgem, na maioria das vezes durante os tratamentos ou após o término destes. No caso da Radioterapia, os efeitos secundários variam consoante a zona de tratamento. Um dos efeitos mais comum a qualquer zona de tratamento é a fadiga. As náuseas e vómitos, disfagia, xerostomia, radiodermite, alopecia, diarreia, entre outros são efeitos secundários que podem surgir com os tratamentos de Radioterapia.  

Eletrocardiograma (ECG): Exame que registra os impulsos elétricos produzidos pelo coração durante o seu funcionamento. O gráfico resultante deste exame permite verificar a existência de condições anormais, como artérias bloqueadas, alterações nos eletrólitos (partículas com cargas elétricas) e mudanças no modo como as correntes elétricas passam pelo tecido cardíaco.

Eletrão: Partícula elementar mais leve de que são constituídos os átomos e que apresenta a mínima carga possível de electricidade negativa. Trata-se de uma partícula subatómica que contorna o núcleo do átomo. A Radioterapia pode utilizar electrões de alta energia no seu feixe de radiação, sendo mais indicada para tumores da pele ou lesões superficiais.

Emese: Sinónimo de vómito , é a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca e/ou nariz.

Endoscopia digestiva: Exame no qual um tubo fino, chamado endoscópio, é introduzido através da boca até ao estômago, para permitir observar as paredes de órgãos como o esófago, o estômago e o início do intestino.

Enema: Injeção de um líquido, através do ânus, destinada à opacificação do intestino grosso.

Epidemiologia: Estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos problemas de saúde em populações humanas, bem como a aplicação desses estudos no controle dos eventos relacionados com saúde. É a principal ciência de informação de saúde, sendo a ciência básica para a saúde colectiva.

Epistaxis: Hemorragia pela fossa nasal que pode ter origem por alterações inflamatórias da mucosa, traumatismo nasal, fragilidade capilar ou mesmo por lesões hemorrágicas.

Eritema: Sinal clínico caracterizado por um rubor (vermelhidão) na pele provocado por vasodilatação capilar, pode estar presente em várias patologias ou manifestar-se como efeito secundário a alguma terapêutica (p.ex: Radioterapia) ou medicação.

Esofagite: Inflamação do esófago que gera sintomas como azia e gosto amargo na boca. Pode ser um efeito secundário da Radioterapia.

Estadiamento: Sistema de classificação de tumores, que se baseia no tamanho do tumor, na disseminação ganglionar e na disseminação à distância (metástases). O estadiamento de um tumor apresenta-se como um importante indicativo de prognóstico, permite definir planeamentos de tratamento mais adequados, fazer previsões de possíveis complicações e, após o tratamento, avaliar os resultados das terapias.

Estoma: Abertura feita na parede abdominal. Os estomas mais comuns são de origem intestinal e urinária, podendo ser também gastrectomias, cuja principal finalidade é oferecer alimentação.

Estrogénio: Hormona do sistema reprodutor feminino produzida pelos ovários e que é libertada na primeira fase do ciclo menstrual.

Excisão ou exérese: Procedimento realizado para remover uma parte ou a totalidade de um órgão ou tecido visando a finalidade terapêutica.

F

Fármaco: Substância química, um princípio ativo do medicamento.

Feixe de radiação: Propagação de energia sobre a forma de ondas ou partículas, num determinado meio. Esta interacção da radiação com a matéria depende do tipo de energia de radiação e do meio em que esta se propaga.

Físico Médico: Profissional de saúde, que aplica os fundamentos físicos de múltiplas técnicas terapêuticas, proporcionando bases para as modernas tecnologias médicas e estabelecendo critérios de utilização dos agentes físicos na área de saúde.

Fístula: Formação de um orifício ou de um trajecto entre duas áreas do organismo. As fístulas podem ser causadas por lesão, infecção ou inflamação ou podem ser criadas durante a cirurgia.

Follow-Up: Remete para a definição de Consulta de seguimento.

Fotões: Partículas que carregam um campo electromagnético. Possuem propriedades interessantes tais como transversalidade, polarização, ausência de massa e de carga eléctrica, rapidez, e por último, vorticidade.

Fracionamento: Administração de dose de radiação de forma faseada, ou seja, por determinado número de sessões.

G

Gânglios linfáticos: Pequenas glândulas pertencentes ao sistema linfático, que são responsáveis por filtrar a linfa, recolhendo vírus, bactérias e outros organismos que podem provocar doenças. Os gânglios linfáticos estão localizados ao longo da rede linfática, agrupados em certos pontos “estratégicos”: em redes profundas (abdómen, tórax, pescoço, etc.) e em redes superficiais (a nível inguinal, axilar, occipital, cervical, etc.). Embora, habitualmente, os gânglios não possam ser palpados ou sentidos, quando estão a combater uma infecção, aumentam de tamanho, ficando inchados e, nesses casos, podem ser sentidos perto da região onde está a infecção. Em casos mais raros, a presença frequente de gânglios aumentados pode até ser sinal de cancro, especialmente linfoma ou leucemia. Os gânglios linfáticos podem também ser local de metástase de certos tipos de cancro.

Gânglio sentinela: Primeiro gânglio linfático que drena a linfa do território em que se encontra o tumor. A sua avaliação pode ser determinante na decisão de se realizar, ou não, ressecção de todos os gânglios linfáticos da área.

Gating: Modalidade de tratamento utilizada em Radioterapia na qual o aparelho emissor de radiação é programado para irradiar o volume alvo somente em determinados intervalos do ciclo respiratório do doente. Esta técnica de tratamento permite reduzir as incertezas de movimentação interna dos órgãos e, por consequência, a diminuição da irradiação de tecidos saudáveis.

Gastrite: Inflamação, infecção ou erosão do revestimento do estômago. Pode ser induzida pelos elevados níveis de radiação (por exemplo, na Radioterapia). A gastrite causada pela Radioterapia provoca dor, náuseas e ardor devido à inflamação e, por vezes, desenvolvimento de úlceras no estômago. A radiação pode danificar o revestimento protetor do estômago, de tal forma que as bactérias podem invadir a sua parede e provocar uma forma de gastrite grave e extremamente dolorosa, de aparecimento brusco.

Gastrostomia endoscópica percutânea (PEG – do inglês, Percutaneous Endoscopic Gastrostomy): Técnica endoscópica que consiste na introdução de uma sonda na cavidade gástrica através da parede abdominal, com a ajuda da endoscopia digestiva alta, e que permite a administração de comida, líquidos e medicação, em doentes que não conseguem deglutir por diversas razões.

Genes: Unidade fundamental da hereditariedade. Cada gene é formado por uma sequência específica de ácidos nucleicos. 

Genoma: Código genético que contém toda a informação hereditária de um organismo e que está codificada no seu ADN. É o conjunto de todos os diferentes genes que se encontram em cada núcleo de uma determinada espécie. A descodificação do genoma de um determinado tumor, através de testes genéticos, permite uma abordagem e um tratamento mais individualizado a cada doente.

Grau de diferenciação: Dividido em três grupos, grau 1 (bem diferenciado), 2 (moderadamente diferenciado) e 3 (pouco diferenciado), na maioria das doenças. Quanto maior é o grau, maior é a velocidade de crescimento do tumor, no entanto, muitos classificam estes graus como agressividade do tumor, quanto maior o grau, mais agressivo é o tumor. Existem doenças que utilizam outras escalas, como os tumores cerebrais (que vai de 1 a 4) e o tumor da próstata, que usa uma escala denominada como Gleason (que vai de 6 a 10), no entanto o princípio é o mesmo. 

Gray: Unidade do Sistema Internacional de Unidades de dose absorvida. É utilizada na Radioterapia e representa a quantidade de energia de radiação ionizante absorvida (ou dose) por unidade de massa.

H

Hematúria: Presença anormal de eritrócitos (glóbulos vermelhos) na urina. A hematúria pode ser macroscópica, ou seja, visível a olho nu, ou microscópica, apenas detectada com uma análise à urina. A hematúria pode ser um sinal de doença grave, nomeadamente de neoplasias do aparelho urogenital.

Hemograma: Exame ao sangue que avalia as células que o compõem, como os leucócitos, conhecidos como glóbulos brancos, as hemácias, também chamadas de glóbulos vermelhos ou eritrócitos, e as plaquetas.

HER-2: Gene responsável pela produção da proteína HER2, é um proto-oncogene. A proteína HER2 tem um papel regulador nas células com funcionamento normal; no entanto, um erro aleatório neste gene pode levar ao desenvolvimento de cancro. O aumento ou sobre expressão do receptor HER2 corresponde a um subtipo específico de cancro da mama, denominado cancro da mama HER2 positivo (HER2+); este aumento é detectado, nos tecidos, por uma técnica laboratorial. O cancro da mama HER2+ está associado a maior agressividade da doença.

Hiperfracionamento: Administração da dose total de radiação em um número maior de frações/tratamentos.

Hiperplasia: Corresponde a um aumento na quantidade de tecido orgânico, resultante da proliferação celular.

Hipofracionamento: Administração de doses por fração superiores a 2Gy, onde o número total de frações é reduzido. Esquema terapêutico utilizado para administrar mais dose de radiação em menos sessões de tratamento.

Histograma Dose-volume: Relaciona a dose de radiação recebida por um órgão/tecido/alvo com o volume deste, durante o planeamento dosimétrico de Radioterapia. É através da sua análise que é sabido se os órgãos considerados de risco e o volume a tratar cumprem os objetivos de dose.

Hormonas: Substâncias químicas, produzidas por diversas glândulas e que circulam no nosso corpo. São responsáveis por regular o funcionamento dos tecidos, bem como pelo crescimento e reprodução do organismo.

Hormonoterapia: Tratamento que consiste em impedir, através de medicamentos, o estímulo das hormonas nos tumores cujo crescimento é estimulado por estas, o que sucede nos cancros com receptores hormonais positivos.

I

Imagem CBCT: Técnica de imagiologia médica avançada onde os raios-X são divergentes, formando um cone. Este exame apresenta imagens 3D em 360 graus com alta resolução e grande precisão permitindo a observação de detalhes específicos muitas vezes omitidos em exames tradicionais a 2D. Na Radioterapia as imagens por CBCT permitem visualizar a localização exata do tumor antes do tratamento.

Imagem KV: Utilizada nos tratamentos de Radioterapia para verificação do posicionamento. Esta imagem é de baixa energia e permite ver as estruturas ósseas. 

Imagem MV: Corresponde a uma imagem anatómica de um paciente, adquirida com recurso a um feixe na gama da megavoltagem.

Imagem portal (EPID – do inglês, Electronic Portal Imaging Device ): Imagem anatómica obtida em tempo real, através de um detector acoplado a um acelerador linear. Esta imagem tem como objectivo verificar o posicionamento de um paciente, num tratamento de radioterapia.

Imobilização: Corresponde a um conjunto de técnicas, cujo principal objetivo é reduzir o movimento do paciente. No âmbito da Radioterapia, caracteriza-se pela utilização de acessórios de imobilização com o intuito de imobilizar e posicionar os pacientes, durante o tratamento.

Imunodepressão (semelhante a imunossupressão): Diminuição em grau variável da resposta imunológica de um indivíduo.

Imunoterapia: Terapia biológica que caracteriza-se pelo estímulo das defesas naturais do nosso organismo, com o objetivo de combater uma patologia. A imunoterapia ajuda o sistema imunológico a aumentar a sua eficácia na detecção ou atraso no crescimento de células cancerígenas, evitando assim a propagação da doença, bem como, contribui para o aumento da eficácia na eliminação destas mesmas células.

Incidência de campo: Denominação atribuída à projeção da área/campo de irradiação numa determinada localização do corpo de um paciente, durante o seu tratamento com Radioterapia. De acordo com a área que irá ser tratada, estas mesmas incidências serão caracterizadas por uma angulação de gantry e configuração de MLC.

Incontinência: Incapacidade em armazenar e controlar a saída da urina. É caracterizada por perdas involuntárias de urina que se apresentam de forma muito diversificada, desde fugas muito ligeiras e ocasionais, a perdas mais graves e regulares.

Irradiação: Processo que consiste em submeter um organismo ou um objeto à ação de radiação, ou seja, exposição à radiação.

Isocentro: Local, centro ou foco onde será aplicado um determinado tratamento. O isocentro de radiação é estabelecido através de um conjunto de lasers que estão posicionados na sala de tratamento. A junção de todos esses raios laser é a localização do isocentro.

Isótopo: Átomos de um mesmo elemento químico cujos núcleos têm o mesmo número atómico, ou seja, que possuem a mesma quantidade de protões, mas diferenciam-se pelo número de massa.

J

Jejum: Condição física que se caracteriza pela privação de comida durante um determinado período de tempo.

K

L

Laringectomia: Cirurgia de remoção total ou parcial da laringe, realizada nas fases avançadas de cancro. Após uma laringectomia, a respiração ocorre através de uma abertura no pescoço em vez do nariz e da boca.

Lasers de posicionamento: Sistema de lasers de posicionamento que é instalado na sala do acelerador linear ou na sala de tratamento e permite o posicionamento diário do doente, de acordo com o posicionamento pré-definido na tomografia computadorizada (TC) de planeamento.

Lesão: Termo não-específico usado para descrever um tecido com características anormais num organismo vivo.

Leucopenia: Redução no número de leucócitos no sangue. A leucopenia causada pela Radioterapia (como efeito secundário) deve ser tratada sintomaticamente, pois geralmente é bem tolerada e reversível.

Loca tumoral ou leito cirúrgico: Local de onde foi retirado o tumor. Normalmente, é sinalizado com clips cirúrgicos de forma a serem detectados por determinadas imagens. 

M

Mamografia: Radiografia mamária com um nível de radiação baixo, utilizada como exame de diagnóstico. É realizada por um técnico de radiologia e analisada posteriormente por um médico radiologista. São frequentemente utilizadas para diagnóstico de cancro da mama.

Marcadores fiduciais: Pequenas esferas (do tamanho aproximado de um grão de arroz) colocados no interior do órgão a irradiar e que funcionam, durante o tratamento de Radioterapia, como pontos de referência para o correto posicionamento do doente.

Marcadores tumorais: Substâncias produzidas por algumas células cancerígenas. Podem estar presentes nos tecidos, no sangue ou na urina de doentes com cancro; também podem ser produzidos em situações benignas, tal como nos processos inflamatórios.

Máscara termoplástica: Acessório de imobilização feito de material sintético utilizado para a imobilização do doente nos tratamentos de Radioterapia. É principalmente utilizada em tratamentos nas regiões de cabeça e pescoço mas também pode ser aplicada noutras regiões. Esta é aquecida para se tornar maleável e de seguida é colocada no doente para modelar ao seu corpo.

Mastectomia: Cirurgia de remoção completa da glândula mamária e que consiste num dos tratamentos cirúrgicos para o cancro da mama. Pode ser parcial, quando apenas uma parte do tecido é removida, total, quando a mama é retirada por completo ou, radical, quando, além da mama, são retirados músculos e tecidos próximos que podem ter sido afetados pelo tumor. A mastectomia também pode ser preventiva, para diminuir o risco da mulher desenvolver cancro da mama.

Metaplasia: Alteração reversível na qual um tipo celular diferenciado, epitelial ou mesenquimal, em condições anormais é substituído por outro tipo celular.

Metástase: Disseminação de um tumor maligno a partir do local onde se desenvolveu, para os gânglios linfáticos regionais e para outros órgãos, incluindo os mais distantes (pulmão, fígado, cérebro, etc.).

Mucosite: Inflamação ou infecção de uma membrana mucosa. Pode ser um efeito secundário da Radioterapia, sobretudo em doentes que tratam tumores na região da cabeça e pescoço.

N

Náuseas: Ou enjoos, são uma sensação de desconforto no estômago que causam uma enorme vontade de vomitar. Estas podem ser provocadas por uma grande variedade de condições alteradas. Manifestam-se por meio de ocupação de espaço e compressão.  

Neoplasia: Crescimento celular anormal, excessivo e descoordenado. Pode ser benigno ou maligno.

Neutropenia: Diminuição do número de neutrófilos sanguíneos, células do sistema imunitário (glóbulos brancos) que protegem o organismo contra partículas estranhas e microorganismos invasores.

Noctúria: Necessidade de acordar durante a noite para urinar. Cada micção é precedida e seguida de um período de sono. Pode ser um dos sintomas de cancro da próstata.

O

Oncogene: Genes relacionados com o aparecimento de tumores, sejam malignos ou benignos, bem como genes que quando deixam de funcionar normalmente, transformam uma célula normal numa célula cancerígena. As versões de função normal de oncogenes, os proto-oncogenes, são genes responsáveis pelo controle da divisão celular (mitose), da diferenciação celular e da tradução proteica. Após sofrer uma mutação genética somática, um proto-oncogene torna-se eventualmente um oncogene.

Oncologia: Ramo da ciência médica que estuda o desenvolvimento, as causas e os sintomas das neoplasias ou tumores (benignos e malignos) no organismo e que determina o tipo de tratamento mais adequado para cada caso.

Onda eletromagnética: Radiação que consiste em ondas elétricas e magnéticas associadas, que viajam à velocidade da luz e como exemplo temos a luz, ondas de rádio, raios-y e raios-x. Somente as formas de energia mais alta da radiação eletromagnética são ionizantes. A radiação nas faixas de menor energia, como visível, infravermelho, radar e ondas de rádio, não são ionizantes.

Órgãos de risco: Órgãos sãos, ou seja estruturas que se deve evitar irradiar durante o tratamento de Radioterapia, mas que muitas vezes devido à sua proximidade em relação ao volume-alvo se torna um desafio evitar no planeamento do tratamento.

P

Parestesia: Sensação de dormência ou de formigueiro, de alguma parte do corpo e que ocorre sem um estímulo externo.

Partículas: Elementos muito pequenos. Geralmente referenciadas de partículas sub-atómicas, isto é, partículas mais pequenas do que um átomo. Como exemplo destas temos as partículas alfa, beta, electrões, positrões, iões, protões; entre outros.

Patologia: Estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais nas células, tecidos e órgãos, que pretende explicar os mecanismos pelos quais surgem os sinais e os sintomas das doenças.

Planeamento de Radioterapia: Forma de simular o que será feito no tratamento do doente. Passa pelo posicionamento, escolha de suportes, marcação de pontos referenciais e aquisição de imagens. O posicionamento consiste em colocar o paciente numa posição confortável e de forma a evidenciar a região a ser tratada. São feitos pontos definitivos (tatuagens) para que o paciente seja posicionado todos os tratamentos na mesma posição. A aquisição das imagens é tridimensional e é nestas que serão delineadas as regiões a serem tratadas e  a proteger. Posteriormente, na dosimetria é planeado como administrar a dose necessária à estrutura alvo sem exceder as doses de tolerância nas estruturas a proteger. Somente depois de todo esse processo é que o tratamento iniciará.

Poliquiúria: Sintoma urinário, caracterizado pelo aumento do número de micções com diminuição do volume da urina, ou seja, urinar pouca quantidade mas muitas vezes ao dia.

Pólipo: Saliência de uma membrana mucosa. Os pólipos localizam-se ao nível do intestino, vesícula, garganta, etc.

Progesterona: Hormona produzida pelas células do corpo lúteo do ovário. A função no sistema hormonal feminino consiste em combater eventuais desequilíbrios de outra hormona, o estrogénio. Este último tende a estimular o crescimento celular descontrolado das células, pela activação do gene Bcl-2 e a progesterona tende a impedir o crescimento desregulado das células através da activação do gene p53.

Prognóstico: Conhecimento prévio realizado pelo médico sobre algo que provavelmente poderá acontecer no futuro, segundo os resultados obtidos a partir de interpretações feitas com base no diagnóstico de uma doença.

Prostatectomia: Cirurgia de remoção total ou parcial da próstata. É realizada em casos de tumores (cancro da próstata) ou quando a próstata se torna muito grande (hiperplasia benigna de próstata), a ponto de restringir o fluxo de urina através da uretra.

Prótese:  Substituição de um órgão do corpo ou parte dele, por uma peça artificial.   

Protocolo: Regime de definições de determinados parâmetros em diferentes modalidades de tratamentos oncológicos. Por exemplo em quimioterapia definisse as drogas a serem usadas, a sua dose, a frequência e a duração dos tratamentos.

Prurido: Designado também por comichão, é um sintoma que se manifesta em doenças do foro dermatológico ou causado por agentes irritantes.

Punção: Ato de picar ou perfurar algo. No âmbito médico, esta ação é realizada para retirar fluídos e outros líquidos armazenados em determinada parte do corpo. Exemplo: punção lombar, punção venosa.

Q

Qualidade de vida: Método utilizado para medir as condições de vida de um ser humano. Estas condições envolvem desde o bem-estar físico, mental, psicológico e emocional, os relacionamentos sociais, como família e amigos, e também a saúde, a educação e outros parâmetros que afetam a vida humana.

Quimioterapia: Utilização de fármacos – citostáticos – para parar a proliferação e o crescimento das células neoplásicas. Constituída por um único fármaco ou por uma associação de fármacos (situação mais frequente). Pode ser administrada oralmente ou via intravenosa. Os fármacos entram na corrente sanguínea e circulam por todo o organismo, tratando-se de uma terapêutica sistémica, administrada por ciclos de tratamento, repetidos de acordo com esquema específico que varia consoante o tipo de cancro e seu tratamento.

R

Radiação: Propagação de energia de um ponto a outro, seja no vácuo ou em qualquer meio material, podendo ser classificada como energia em trânsito, e podendo ocorrer através de uma onda electromagnética ou partícula. As radiações podem ser emitidas tanto artificialmente em procedimentos médicos ou atividades industriais, quanto naturalmente, como a luz solar por exemplo. Independente do tipo, elas interagem com os corpos, até mesmo com o ser humano, e depositam neles energia. Essa interação depende do tipo da energia de radiação e do meio em que se está a propagar.

Radioatividade: Fenómeno natural ou artificial, pelo qual algumas substâncias ou elementos químicos, chamados radioativos, são capazes de emitir radiações. A radioatividade é uma forma de energia nuclear, utilizada na Radioterapia, e consiste na propriedade de alguns átomos como os do urânio, rádio e tório serem “instáveis”, perdendo constantemente partículas alfa, beta e gama (raios-X).

Radiobiologia: Campo das ciências médicas clínicas e básicas que envolve o estudo da acção da radiação ionizante sobre os seres vivos, especialmente os efeitos da interacção da radiação com a matéria. A radiação ionizante é geralmente prejudicial e potencialmente letal para os seres vivos, no entanto pode trazer benefícios à saúde, como é o caso da Radioterapia utilizada para o tratamento de tumores.

Radiocirurgia: Procedimento não invasivo de Radioterapia, caracterizado pelo tratamento com doses elevadas a lesões intracranianas de pequenas dimensões, com um fracionamento de uma a cinco sessões. 

Radio-fármaco: Substância química, que possui algum composto radioactivo associado e que é reconhecido pelo organismo como similar a alguma substância que será processada por algum órgão ou tecido. Tratam-se de fontes radioativas não seladas, que são introduzidas no corpo do paciente por ingestão, inalação ou injeção. Os radiofármacos são utilizados para produzir uma imagem de medicina nuclear, tanto para diagnósticos como para tratamentos.

Radiografia: Exame médico de diagnóstico indolor, que utiliza raio-X, e que permite auxiliar o médico no diagnóstico de várias patologias, assim como para controlar a evolução de tratamentos.

Radiografia digitalmente reconstruída (DRR – do inglês, Digitally Reconstructed Radiographs): Radiografias reconstruídas pelo sistema de planeamento a partir das imagens adquiridas na TC.  Estas são posteriormente o ponto de referência para comparação com as imagens portais adquiridas ao longo do tratamento.

Radioncologista: Médico especializado em Radioterapia.

Radioprotetores: Compostos químicos que reduzem as consequências biológicas da radiação; são normalmente administrados imediatamente antes da irradiação com a finalidade de reduzir o dano pela exposição.

Radiossensibilizantes: Fármacos utilizados no tratamento de cancro. A sua utilização torna as células do tumor mais sensíveis aos efeitos da Radioterapia, contribuindo para a sua eficácia.

Radioterapeuta: Profissional responsável por efetuar procedimentos com uso a Radioterapia.

Radioterapia: Técnica de tratamento utilizada em doenças oncológicas, que recorre à utilização de radiação ionizante. Corresponde ao uso de radiação ionizante como parte do tratamento de um tumor, com o principal objetivo de destruir as células malignas, através da absorção de energia da radiação. O princípio básico pretendido é maximizar o dano ao tumor e minimizar os efeitos secundários nos tecidos normais circundantes.

Radioterapia estereotáxica: Técnica de Radioterapia externa, em que a radiação é utilizada de uma forma focal, com doses mais elevadas e com o objetivo de atingir um tumor bem definido recorrendo a exames de imagem detalhados. Exige um planeamento minucioso e uma localização diária precisa para fazer um tratamento deste género, caracterizado por ser de precisão extrema.

Radioterapia externa: Tratamento que utiliza radiação ionizante no tratamento de tumores, principalmente malignos. Consiste na irradiação de um determinado volume-alvo (tumor) com um feixe de radiação externo (a longa distância) geralmente de raios-X ou de electrões de alta energia, produzidos por um acelerador linear. O princípio básico utilizado é maximizar os danos (destruição) no tumor, minimizando os efeitos da radiação nos tecidos circundantes e saudáveis. Este tratamento consiste em irradiar o tumor com doses fracionadas e é realizado, habitualmente, cinco vezes por semana.

Radioterapia Intra-operatória: Administração de níveis de radiação terapêuticos diretamente no volume alvo, enquanto este se encontra exposto durante a cirurgia, poupando desta forma o tecido normal circundante.

Radioterapia de intensidade modulada: Técnica de Radioterapia externa altamente precisa e que permite a administração de altas doses de radiação no volume alvo, minimizando eficazmente as doses nos tecidos normais adjacentes.

Receptores hormonais: Estruturas envolvidas no controlo hormonal. A sua análise é importante em determinados tipos de cancro pois pode influenciar na escolha terapêutica.

Recidiva: Reaparecimento de uma doença num indivíduo que já foi portador e da qual ficou curado. A recidiva num cancro tem início a partir de células que foram disseminadas através do antigo tumor e que se espalharam pelo corpo através da corrente sanguínea ou linfática e permaneceram inativas por um tempo, até que voltaram a crescer.

Remissão parcial: Conceito geralmente associado a uma regressão de 50% da doença após o tratamento.

Remissão completa: Expressão utilizada quando já não há sinais de determinada doença no organismo. No entanto, não se poderá garantir que o indivíduo esteja totalmente curado.

Ressonância magnética: Exame radiológico que permite obter imagens muito detalhadas de órgãos e tecidos de todo o corpo, possibilitando assim um diagnóstico mais preciso, sem necessidade de recorrer a raio-X ou radiação ionizante. Em vez disso, usa ondas de radiofrequência, um potente campo magnético e um computador para criar as imagens. É o procedimento preferido para diagnosticar um grande número de potenciais alterações em diferentes partes do corpo.

S

Simulação: Procedimento que define o posicionamento e acessórios de tratamento utilizados numa sessão de Radioterapia, assim como as restantes constantes tais como a área a tratar e os limites dos campos de tratamento que simulam as condições de tratamento.

Sinal: Corresponde às imagens, aos sons e outros dados objetivos que o médico vê, escuta, ausculta e sente quando realiza o exame físico. É o que o médico consegue de dados pela sua observação direta.

Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que um indivíduo tem do seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações. É uma queixa subjetiva, o que a pessoa está a sentir ou sentiu.

Sistema imunitário: Corresponde ao sistema de estruturas e processos biológicos que protegem o nosso organismo de uma imensa variedade de agentes, como bactérias e vírus, que são prejudiciais a este.

T

Tamoxifeno: Fármaco utilizado na hormonoterapia. Na mama, é um antagonista do recetor de estrogénio. Em outros tecidos, como o endométrio, é agonista do recetor de estrogénio. Tendo em conta a sua atividade variável, o tamoxifeno é considerado um modulador seletivo do recetor de estrogénio. É o medicamento mais utilizado no tratamento dos cancro de mama, que sejam sensíveis a tratamento hormonal.

Tatuagens: Pontos tatuados na pele para marcarem o isocentro do tratamento ou um ponto para servir de referência para a sua localização.

TC 4D: Este tipo de TC vem tornar possível obter imagens que refletem as mudanças anatómicas induzidas pela respiração, pois acrescenta uma dimensão temporal ao convencional 3D, que descreve apenas as dimensões espaciais.

Telangiectasia: Pequenos vasos capilares vermelhos ou roxos que surgem na superfície da pele, muito finos e ramificados, mais frequentemente nas pernas e rosto.

Tomografia computadorizada (TC): Exame complementar de diagnóstico ou de planeamento do tratamento de Radioterapia. Após expor o corpo a uma sucessão de raios X e através do processamento por computador da informação recolhida, são obtidas imagens que representam uma “fatia” do corpo do doente.

Tomografia por emissão de positrões (PET – do inglês, Positron Emission Tomography): Estudo de imagem que utiliza material radioativo para visualização de lesões no corpo, na maioria, lesões malignas. Para além da informação morfológica dá também informação funcional.

Toxicidade: Capacidade que um elemento tem de causar efeitos adversos a um organismo que tenha sido exposto a este.

Tratamento adjuvante: Tratamento adicional à terapêutica primária. A terapia adjuvante pode incluir quimioterapia, Radioterapia, terapia hormonal ou terapia biológica.

Tratamento local: Tratamento cujo objetivo é remover ou eliminar as células malignas locais (ex.: cirurgia e Radioterapia). Se o cancro estiver disseminado (metastizado) noutras zonas do corpo, a terapêutica local pode ser usada apenas para controlar a doença, nessa área específica, mas não noutros locais do organismo.

Tratamento neoadjuvante: Tratamento de primeira linha para determinados tipos de cancro antes do tratamento considerado principal. Muitas vezes a quimioterapia e a Radioterapia são tratamentos neoadjuvantes à cirurgia.

Tratamento paliativo: A OMS (Organização mundial de Saúde) define tratamento paliativo como um tratamento completo e ativo de doentes, cujas doenças não respondem a tratamentos curativos e que tem por objetivo melhorar a qualidade de vida dos doentes e suas famílias que enfrentam uma doença que ameaça a vida. Intervêm a nível da prevenção e alívio do sofrimento, identificando precocemente e tratando de forma rigorosa os problemas físicos, psicossociais e espirituais decorrentes da própria doença.

Tratamento profilático: Tratamento preventivo que, no caso da Radioterapia, tem como objetivo prevenir ou retardar a disseminação do tumor numa área de muito provável recorrência.

Tratamento radical: Tratamento com intuito curativo e que visa a cura total do tumor. Nesta situação há a possibilidade de cura da doença e a Radioterapia tem um papel importante tanto isolada quanto associada a outros tratamentos. Também pode ser utilizada para os pacientes que não têm condições clínicas para a cirurgia, considerados inoperáveis, por cardiopatias ou pneumopatias severas. Outra situação em que o uso é exclusivo da Radioterapia são para os tumores considerados irressecáveis, seja pela localização desfavorável do tumor ou pela grande infiltração tumoral que inviabiliza qualquer procedimento cirúrgico para a retirada do tumor.

Tratamento sistémico: Tratamento que se caracteriza pela utilização de substâncias que viajam pela corrente sanguínea, atingindo não só as células alvo como também as células saudáveis do nosso organismo.

Tumor: Proliferação/crescimento anormal, excessivo e desordenado das células. Todo este processo se inicia após um estímulo que não cessa e faz com que as células percam a capacidade de controlar de forma adequada a sua proliferação e diferenciação.   

Tumor benigno: Tumor que se caracteriza pela não disseminação para os tecidos adjacentes uma vez que normalmente se encontra restrito a uma única massa tumoral envolvida por uma cápsula.  

Tumor maligno: Tumor constituído por células cancerígenas, células não controladas, em proliferação ou em paragem da maturação ou em supressão da senescência e da morte. Estas têm capacidade de invadir os tecidos normais e de se disseminarem pelo organismo.

Tumor primário: Refere-se à localização anatómica primária ou inicial do tumor.

Tumorectomia: Remoção de um tumor de dimensões relativamente reduzidas. O termo é geralmente aplicado à cirurgia conservadora da mama, em que não é removida toda a mama mas sim apenas o tumor.

U

Ultra-sonografia: Exame de diagnóstico, também designado de ecografia. Muito recorrente na medicina moderna que utiliza o eco gerado através de ondas ultrassónicas de alta frequência para visualizar, em tempo real, as estruturas internas do organismo.

Volume-alvo: Volume de tecido para o qual o tratamento de Radioterapia é direcionado.